sexta-feira, 29 de março de 2019

Curiosidades sobre a Amendoeira, Terminalia catappa




O Plano diretor de arborização urbana da Cidade do Rio de Janeiro listou as 20 espécies arbóreas mais frequentes na cidade. A Amendoeira (Terminalia catappa) é uma espécie exótica e foi a primeira da lista, com o maior número indivíduos. Por onde olhamos no Rio de Janeiro podemos avistar amendoeiras enormes, não é mesmo? Mas a árvore mais abundante na cidade, infelizmente, também é a primeira colocada em outra lista: a de piores espécies para a arborização urbana.

O nefasto título de bicampeã deve-se principalmente às suas raízes, que quando atingem uma idade mais avançada costumam levantar a pavimentação da calçada e, em muitos casos, do próprio asfalto, dificultando a passagem de pedestres e carros. Um outro ponto desfavorável diz respeito aos seus frutos, que contribuem para entupimento de bueiros na cidade e, à exceção dos morcegos, não há fauna adaptada para utilizá-lo como alimento.
O espaço ocupado por uma Amendoeira é enorme e poderia ser utilizado por uma espécie nativa mais interessante na prestação de serviços ambientais, como por exemplo alimentar os pássaros nativos, papel que uma árvore nativa conseguiria prestar.

Mas então, por que plantaram tantas Amendoeiras?

O porquê da introdução de determinadas espécies exóticas em território brasileiro ainda é muito discutido. A cidade do Rio de Janeiro tem um histórico de uso intensivo de espécies exóticas para arborização urbana. Uma das histórias diz que as Amendoeiras, na época da colonização, eram trazidas da Ásia e de Madagascar com galhos e alguns frutos ainda presos a elas. Imagina-se que o motivo era que, por serem abundantes em seus locais de origens, não haveria prejuízo em trazê-las como contrapeso ajudando no lastro dos navios. Ao chegarem ao território brasileiro e já sem função, as árvores, com seus frutos e sementes, eram descartadas na areia da praia. Elas, no entanto, acabaram por se adaptar bem a região e à salinidade e se desenvolveram bem à beira-mar. Não à toa, são conhecidas popularmente como Amendoeiras-da-praia.
Como se adaptaram bem ao clima no Rio de janeiro, apresentando características como rápido crescimento, uma sombra boa, alta rusticidade, copa vistosa e bonita, tforam amplamente utilizadas na arborização urbana. Com o tempo, porém, os problemas com as raízes foram sendo percebidos, pois somente quando atingem um porte maior é possível notá-los, mas elas já estavam espalhadas pelos quatro cantos da cidade.

Legislação proibiu o seu plantio

Folhas caem em determinada época do ano e causam entupimento de boeiros.
Folhas caem em determinada época do ano e causam entupimento de boeiros.
Desde 1994, existe uma Resolução Municipal nº 04/SEMA, que por ser uma espécies caducifólia (que perde as folhas em determinada época do ano), as folhas e os frutos causam entupimento das bocas de lobo nas ruas (boeiros), ficando proibido o plantio de novas espécies do mesmo gênero na cidade. Existe também uma Resolução 587/2015, que afirma dar preferência no plantio de espécies nativas na arborização urbana.

Frutos

Pouco se sabe a respeito de serem comestíveis ou não. Sabe-se que são muito apreciados pelos morcegos, e com possibilidades a serem usados na alimentação humana. Existem relatos pessoais afirmando que a amêndoa é, sim, comestível, e que possui um alto teor nutricional, porém que esses hábitos não pegaram no Rio de Janeiro. No Brasil, poucos trabalhos sobre a planta foram descritos, alguns apresentam resultados vinculados a composição de vitaminas, perfil de ácidos graxos, constituintes protéicos, fibras, lipídeos e carboidratos.

Outras curiosidades

As folhas da Amendoeira demoram a se decompor e se mostram bastante eficientes em matar bactérias dentro de aquários. Pelo fato de liberarem ácidos húmicos e taninos, acabam baixando o pH da água do aquário, podendo também absorver substâncias químicas prejudiciais criando um ambiente calmo e tranquilo para o peixe.
Em 2016 foi apresentado um resumo do Congresso Brasileiro de Engenharia Química, dizendo que um dos maiores desafios da atualidade é o desenvolvimento de matrizes energéticas a partir de fontes renováveis. E com isso surgiu a ideia de testar o óleo proveniente de dentro da castanha da amêndoa. E por ser uma espécie oleaginosa, rústica e de rápido crescimento, pode apresentar um bom potencial como alternativa na produção do biodiesel.

Outras campeãs em abundância na lista de árvores mais comuns no RJ

Palmeiras (exóticas e nativas), Ficus-benjamina (Ficus benjamina, exótica), Munguba (Pachira aquatica, nativa ) e Oiti (Licania tomentosa, nativa).
Fonte: biovert.com.br

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